Mulher eis o teu filho, filho, eis tua Mãe. (Jo 19, 26s)
* Por Diácono Cássio Selaimen Dalpiaz
Como a primavera no hemisfério norte inicia-se em maio, e por isso vários cultos pagãos celebravam seus deuses da fertilidade, a Igreja, a partir da Idade Média, inculturando-se nesse meio, cristianizou estas festas tornando o mês de maio período de especial veneração de Nossa Senhora. No Brasil, também passamos a celebrar no segundo domingo desse mês o dia das mães.
Vale, por isso, a reflexão sobre o ato de Cristo, que nos momentos derradeiros da cruz, entrega sua mãe à Igreja e a Igreja a sua mãe. Lembremos, ademais, a compreensão do Concílio Vaticano II quando afirma que tudo aquilo que se diz de Maria podemos dizer da Igreja, assim como tudo que afirmamos da Igreja podemos atribuir a Maria (cf. Lumen Gentium, capítulo 8). Por isso, quero aproveitar este mês para convidar-te a algumas reflexões e delas dar passos guiados pelas pegadas daquela que foi mestra no seguimento da Vontade do Criador.
Antes de mais, vejo que é impossível amar o Filho se não amamos a Mãe. Quando casamos com alguém, estamos fazendo parte de uma nova família. Os povos antigos tomavam como filhos os esposos de seus filhos. É verdade que muitos não temos claras nossas relações com aquelas que nos geraram – ou aos nossos esposos- ou ainda, com nossos filhos e, por isso, muitas vezes nossas relações com estes estão recheadas de neuroses. Da mesma forma, as nossas relações com a Igreja. Ora, não podemos amar a quem não conhecemos. Assim, o primeiro convite que quero fazer-te nesse mês é que conheças de fato tua mãe, a Igreja, que tem te gerado na fonte batismal para a vida nova em Cristo. Para isso, podemos seguir vários caminhos, com leituras apropriadas, muito especialmente o Catecismo da Igreja Católica. Se quisermos saber mais de nossa mãe, vamos perguntar a ela e não à vizinha fofoqueira. Quantas vezes acreditamos no que falam os meios de comunicação sobre a Igreja e sequer nos questionamos se de fato as notícias publicadas são assim.
Nessa mesma linha, somos chamados a seguir os passos de Maria, que sempre esteve à sombra do Filho, não para mudar a missão d’Ele segundo seus caprichos, mas para colaborar em que Ele fizesse a vontade do Pai. Assim quero convidar-te a seguir os passos dela que, mesmo sem compreender muitos dos acontecimentos, realizava livremente diversos atos de fé, concretizando assim o projeto de amor do Pai para seus Filhos.
Nesse seguimento, podemos ver nela uma intercessora, uma vez que ela sempre estava por perto de Jesus, inclusive agora, de corpo e alma, não para que nossos sofrimentos deixem de existir, como se ela fosse uma “fada madrinha”, mas para que sejamos fiéis em meio às tribulações, confiando que possa nos alcançar as graças necessárias para nossa santificação e salvação. Evidente que, como toda mãe, ela sofre ao ver o filho sofrer, ela se compadece. Contudo, ela sabe confiar que o Pai sabe o que é o melhor para cada um. Ela intercede, ajuda-nos, mas sem perder de vista a Vontade do Pai.
Um último convite que vos faço, para que saibamos por onde trilhar este caminho é contemplar nos mistérios do Rosário a trajetória da mãe. Não apenas repetir vocalmente as orações, mas poder meditar em cada passo que dava, vendo que onde Ele estava, lá estava ela, atenta para que nada passasse desapercebido. Uma verdadeira devoção à Virgem implica, sem dúvida, no fiel assentimento e obediência, ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo, assim como à Igreja, que como Mãe e Mestra nos ensina a caminhar.
--
Confira as fotos da coroação de Nossa Senhora feita pelas crianças de nossa paróquia no dia 29/05/2011:
